terça-feira, 22 de novembro de 2022

 

Foto tirada da net. Desconheço o autor


O LIVRO QUE NÃO RASGUEI

Tu és um livro único. Sonhei-te, idealizei-te, escrevi-te e depois saboreei-te. Cada palavra foi escrita com paixão; cada página decorada com a alegria de quem recebe sol num dia tempestuoso de inverno. A capa foi desenhada com a doçura que havia guardado especialmente para ti e pintei-a com as cores que só quem ama sem prazo, nem condição, consegue vislumbrar. São cores mágicas. Tudo o que é feito com amor e por amor, nunca perde o vigor e só nos engrandece. Li-te, reli-te, tanto viajei nas tuas palavras que cheguei a perder-me, mas encontrei-me. Rasgar-te? Não, está fora de questão. Guardei-te e tu sabes, amado livro. Sempre soubeste a tua importância na minha vida, na minha aprendizagem, no meu crescimento como ser humano e fizeste dos meus dias, eternos e sonantes sussurros de poesia…Só não soubeste ler os meus lábios e devias. Deixei de folhear-te, de ler-te, mas continuas à cabeceira do meu coração, com o marcador na página em que eu comia morangos melados da tua boca. Não estás terminado, nunca estarás, porque um livro amado não têm fim, não para mim.

Helena Santos


segunda-feira, 2 de maio de 2022

 

Foto: Oferta da minha querida Augusta Gonçalves
 https://www.facebook.com/augustamaria.goncalves


EU TAMBÉM QUEBRO

 

 Fui, mas já voltei

 Sentia a alma sufocar

 A cabeça rebentar

 E não sabia o que fazer

 Precisava uma forma de serenar

 Me libertar

 Então fui, apenas me deixei levar

 Andei por montes e vales

 Aldeias, vilas e cidades

 Brinquei, ri, chorei e até rezei

 Encontrando o que procurei

 Na paz, beleza, silêncios, abraços, sabores

 Por mim desejado

 Na doçura dum chupa-chupa, em Castelo Branco

 No céu estrelado e especial de Carapito

 No saboroso pão de trigo de Aguiar da Beira

 Passando pela beleza das macieiras de Armamar

 A paragem em Lamego, não podia faltar

 E com Peso da Régua no horizonte

 Cheguei ao destino

 De mãos dadas com o rio

 Que sem dúvida, é D’Ouro

 E o que me esperava naquela margem

 Ninguém pode imaginar, mas enlevou-me a alma

 E para sempre ficará guardado 

 Na gavetinha dos meus tesouros

 Com o dia a chegar ao fim, cansada

 Esperava-me uma noite relaxante

 Porque a felicidade tudo superava

 E melhor do que a noite, com uma lua sem igual

 Foi o amanhecer com um sol sorridente

 E sentir o ar puro da Serra, a invadir-me a mente

 A minha aldeia por herança, tem feitiço

 E me encanta

 Mas o tempo fugia-me por entre os dedos

 Chegava a hora da partida

 E uma visita à Nossa Senhora da Lapa

 Levou-me à oração, à reflexão

 Fez-me tão bem!

 Foi uma curta viagem 

 Mas o que ganhei em afectos, não tem tamanho

 Nem explicação

 Hora de voltar à realidade

 Regressei grávida de vida…

 Beijos, abraços, toques, olhares, sorrisos…gestos

 …e flores

 Sim, “trouxe” flores…..Tulipas

 Prova de felicidade, leveza, gratidão, amizade e amor

 Desejando que este momento de graça, perdure

 A vida é tinhosa, mas dá-me sempre alternativa

 Foram dias de aflição, dor

 Mas que por magia

 Transformaram-se em alegria

 Havendo saúde e amor

 O resto conquisto dia a dia

 Nem que tenha de quebrar

 Porque os pedaços, esses

 Junto-os, com paciência

 E continuo o meu caminhar!



Helena Santos

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

 


COMO SUMIU? 

Desapareceu

Nunca mais ninguém o viu

Que será que lhe aconteceu?

Será que de algo ou de alguém, fugiu?

Estranho, não mostrar o seu EU

Que sempre o envaideceu

Deve ter descoberto 

Que fomentar a infelicidade de outros

Apenas alimenta a própria infelicidade

Mas por que se terá evaporado?

Será que se mudou para outro lado

Mas continua o mesmo dissimulado?

Deve ter concluído que aqui

Já não tinha futuro, como no passado

E num sítio onde seja desconhecido

É mais fácil passar despercebido

Fazendo-se valer 

Da inocência de quem nele

É levado a crer

Será que o vento o arrastou e nem gritou?

Ou uma onda o enrolou e se afogou?

Não que me faça falta

Mas quando está céu nublado

E de repente o sol brilha

A diferença faz-se notar

Da minha parte, é só curiosidade

Tantos anos a torturar-me

E num ápice se desfez no ar

Humm…faz-me pensar e desconfiar

Bom mesmo, é que por lá para aonde foi

Se deixe ficar

Se por acaso alguém o encontrar

Pode dizer que se notou a ausência

Mas que não precisa de regressar

Quem? O Embuste, em forma de gente 

Durante tanto tempo comigo conviveu

Com a máscara que tão bem exibiu

E de repente…

Nunca mais ninguém o viu

Onde será que se meteu?

Não sei, nem é problema meu

E com isso não me vou agoniar

Quero relaxar e arejar a minha mente

Já que se foi…que seja para sempre!


Helena Santos